quinta-feira, 27 de maio de 2010

Há liberdade em nossas escolhas?




Quem está certo? Você, eu, ou outro? Sei que pode ser apenas um, ou nenhum" K. Conde


Por que você é o que é?

Como se tornou o que é?

Perguntas deste tipo acabam sendo esquecidas por todos nós...

Alguns dizem que carregamos um espírito conosco, por toda eternidade, com a chave de nossa personalidade. Outros dizem que essas perguntas não têm respostas. No entanto, estou propondo um outro pensamento:

Através de um estudo multidisciplinar é possível explicar a existência da consciência como um produto lateral da evolução.

Utilizando a teoria da seleção natural (http://www.bit.ly/8Z7aGh), o pesquisador e estudioso Daniel Dennett explica que toda a evolução e mudança ocorrida em seres vivos, apesar de acontecer através de mutações, teve de ser extremamente necessária para que se mantivesse.

Ao contrário das mentes de outros animais, a mente humana possui uma postura intencional que interage com o ambiente.

Enquanto que uma gazela nasce programada para agir de uma determinada forma diante de cada estímulo, ou percepção do ambiente, a mente humana é capaz de passar por duas experiências diferentes e ter a capacidade de julgar qual delas é a mais apropriada.

A Função do nosso tipo de mente é responsável por tomar decisões. Mas como Darwin, Mendel e Dennett perceberam, para que esta nova mente passasse a existir, foi necessário que o nosso gene estivesse correndo o risco de se extinguir.

Poderia haver alguma programação na nossa antiga mente que poderia estar se contradizendo diante do ambiente. Como é entendido, o ambiente sempre esteve em mudanças, no entanto essas programações genéticas eram revisadas apenas em milhares ou até milhões de anos.
Podendo acarretar na extinção do gene.E o nosso gene só faz querer sobreviver e se replicar. Somos maquinas de sobrevivência e replicação dos nossos genes.

A mariposa talvez seria uma grande candidata a uma suposta tomada de consciência, igualmente ao que ocorreu à nossa espécie. Em determinadas épocas, o inseto costumo ficar em constante impacto com lâmpadas, ou instrumentos luminosos. Isso acontece porque estão programadas para seguir a luz solar - do Sol, obviamente -, já que os seus alimentos estão indicados naquela direção. Mas houve uma mudança considerável no ambiente a partir de Thomas Edison, com a invenção da lâmpada - algo não esperado pelos nossos genes.

Isso fez com que houvesse essa contradição no comportamento das mariposas. O que pode causar, se houver a possibilidade da extinção do gene, uma capacidade de tomada de decisão diante do ambiente - mudando a programação do tipo de mente da mariposa. O que causaria certos valores para a mariposa, uma percepção diante do mundo, ou seja, a consciência, neste caso.

E assim surge o nosso "eu", aquilo que pensamos, aquilo que somos, aquilo que pensamos que somos. No entanto, é tudo programado e limitado por nosso sistema mental e as experiências que vivemos.

Você é aquilo que foi condicionado pelas suas experiências. A cada tomada de decisão através da consciência ,que é a marca do sistema mental humano, a sua percepção vai formando o que você é.

Tenho de deixar claro que não precisamos aceitar esta imposição biológica que sofremos.
Tente acompanhar a história de toda a sua vida. Observe e lembre-se de cada parte unidimensional de todas as suas experiencias. Junte todas com a maior distanciamento emocional que puder.

Eis o mapa do surgimento do que você é.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Alegria Nacional: Resíduos em nosso Hardware



O instinto de caça tem (uma) (...) origem remota na evolução da raça. Os instintos de caça e pesca se combinam em muitas manifestações (...). A sede de sangue humana faz parte de nosso lado primitivo, e é justamente por isso que é tão difícil de ser erradicada, especialmente quando uma luta ou uma caçada é prometida como parte de divertimento.”



Nas noites de quarta feira e nas tardes de domingo, praticamente o ano todo, abandonamos tudo para observar as pequenas imagens em movimento de 22 homens – colidindo uns com os outros, caindo, levantando e chutando um objeto alongado feito com a pele de um animal.
Tanto jogadores, quanto os espectadores sedentários são levados ao êxtase ou ao desespero pelo caminhar do jogo. Torcem ou resmungam em uníssono, parados diante das telas de vidro.

Pode até parecer estúpido descrevendo desta forma, mas quando se adquire o gosto pela coisa, é difícil resistir à alegria da possibilidade de "compartilhar" uma vítoria do nosso time.

Os atletas correm, saltam, batem, lançam, deslizam, chutam, derrubam – e há uma emoção em ver os humanos fazerem tudo isso tão bem. Eles brigam entre si até caírem no chão. Gostam de agarrar, tacar ou chutar um veloz objeto redondo. Todos deliram por aquilo que é chamado “gol’.

O trabalho em equipe é quase tudo, e admiramos como as partes se encaixam para formar um todo triunfante.

Mas essas não são as habilidades com as quais a maioria de nós ganha o pão de cada dia. Então por quer nos sentiríamos compelidos a observar? Por que essa necessidade aparece em todas as culturas? (Os egípcios, persas, gregos, romanos, maias e astecas antigos também jogavam bola. (O pólo vem do Tibete.)


A maioria dos esportes mais importantes está associada a uma nação ou cidade (grupo), e eles contem elementos de patriotismo e orgulho cívico. O nosso time nos representa - o lugar de onde viemos, o nosso povo – contra aqueles outros sujeitos de uma lugar diferente, habitado por um pessoal desconhecido, talvez hostil. (Embora saibamos que a maioria dos “nossos” jogadores, em campeonatos nacionais, não são realmente do lugar onde jogam – vão por dinheiro.

Estamos prestes à presenciar a Copa Mundial de Futebol. Dunga é o novo técnico da seleção Brasileira, e é um claro exemplo do signo existente no futebol, quando bate no peito e se considera um guerreiro – o que já virou sua marca popularesca.

Um sentimento freqüentemente citado do falecido técnico de futebol profissional Vince Lombardi é que o importante é vencer. Ou ainda aqueles que dizem que: “Perder é como morrer”.

Na realidade, fala-se de ganhar ou perder uma guerra tão naturalmente como falamos de vencer e perder um jogo.

Em uma determinada propaganda televisiva de recrutamento do Exército em que um tanque destrói outro tanque, aparece o slogan do comandante do tanque vitorioso dizendo: “Quando vencemos, todo o time vence – e não apenas uma pessoa”.
Parece muito claro esta conexão entre o esporte e o combate - tudo feito almejando este signo, este prazer que leva muitos ao topo da alegria.

FANÁTICOS

Sabe-se que a palavra fãs, vem da abreviatura de “fanáticos”. Estes mesmos que em nome do esporte têm cometido agressão, e até homicídio quando escarnecidos por conta de um time perdedor, um juiz que pareça ter cometido alguma injustiça ou toda a motivação que o esporte nos excita.

o Filme, Hooligans, mostra claramente que este instinto de combate, não vem do esporte, mas sim da natureza humana. E este instinto, mesmo que mascarado, no esporte, acompanham gangues nas escolas e nas comunidades. Lutam pelo prazer, independente do que lhes possa esvaziar esta satisfação.


QUAL O PROPÓSITO DE TORCER?

Vamos supor que você esteja mexendo à toa no botão da sua televisão e encontre uma competição em que não tenha nenhum investimento emocional particular – vamos dizer, uma partida amistosa de voleibol entre Myanmar e Tailândia. Como é que você decide torcer? Mas espere um minuto: para que você decide para quem torcer? Por que não se divertir apenas observando o jogo?

A maioria de nós tem problemas com essa postura distanciada. Queremos tomar parte da competição, queremos nos sentir membros do time. O sentimento simplesmente nos arrebata, e começamos a torcer: “Vamos, Tailândia!”


HISTÓRIA: Da Caça aos Jogos de Multidão

Os primeiros eventos atléticos organizados de que se tem notícia remontam à Grécia pré-clássica de 3500 anos atrás.

O fanatismo ao Jogo já era tão forte, que durante os Jogos Olímpicos originais, eram suspensas todas as guerras entre as cidades-estados gregas. Os homens participavam nus, e não era permitida a presença de espectadoras.

No século VIII a.C., os jogos Olímpicos consistiam em corridas, salto, lançamento de objetos e luta – às vezes até a morte.
A caçada é tradicionalmente considerada um esporte, desde que não se coma o que se captura – uma condição que os ricos têm muito mais facilidade em satisfazer do que os pobres. Desde até os tempos dos Faraós, praticado pela aristocracia militar.

Os percussores do futebol americano, futebol, hóquei e outros esportes semelhantes eram desdenhosamente chamados “jogos de multidão”, reconhecidos como substitutos para a caçada – porque os jovens que trabalhavam para viver eram barrados nas caçadas.

As armas das primeiras guerras foram instrumentos de caça.


CONCLUSÃO


Os esportes de equipe não são apenas ecos estilizados das guerras antigas. Também satisfazem um desejo quase esquecido de caçar. Como as nossas paixões pelos esportes são tão profundamente e tão amplamente distribuídas, é provável que façam parte de nosso hardware – não estão em nossos cérebros, mas em nossos genes.

Os 10 mil anos que se passaram desde a invenção da agricultura não são tempo suficiente para que essas predisposições tenham evoluído e desaparecido. Se quisermos entende-las, devemos retroceder ainda mais.

A espécie humana tem centenas de milhares de anos (a família humana tem vários milhões de anos). Levamos uma vida sedentária – baseada no cultivo da terra e na domesticação de animais – apenas nos últimos 3% desse período, no qual se encontra registrada toda a nossa história. Nos primeiros 97% de nossa existência sobre a Terra, quase tudo o que é caracteristicamente humano veio a ser.

Então, depois de um longo período – digamos, alguns milhares de séculos -, uma predisposição natural tanto para a caça quando para o trabalho em equipe vai aparecer em muitos meninos recém nascidos. Aparece como uma vontade não compreendida, uma alegria não explicada um ódio não dominado.

Não que a maneira de lascar a pedra para formar a ponta de uma lança ou o modo de emplumar uma flecha esteja em nossos genes. Tudo isso é ensinado ou inventado. Mas sim o gosto pela caçada faz parte do nosso hardware. A seleção natural ajudou a transformar nossos ancestrais em caçados magníficos.

A evidência mais clara do sucesso do estilo de vida caçador-coletor é o simples fato de que se espalhou para seis continentes, e durou por milhões de anos (para não falar da tendência à caça dos primatas não humanos).

Depois de 10 mil gerações em que a matança de animais foi a nossa defesa contra a ameaça de morrer de fome, essas inclinações ainda devem estar conosco. Sentimos vontade de empregá-las, mesmo vicariamente. Os esportes de equipe nos fornecem um meio de satisfazer esse desejo.

Alguma parte de nosso ser deseja se juntar a um pequeno grupo de irmãos para realizar uma aventura ousada e intrépida. Podemos observar isso essa característica nos jogos de computador, e nos RPGs que fazem sucesso entre crianças e adolescentes.